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segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Agropecuária



A agropecuária emprega cerca de 24% da população ativa nacional e participa com menos de 10% na formação do produto interno bruto (PIB) do país. Desde a década de 30, sua importância no interior da economia brasileira vem decaindo constantemente. 
No pós-guerra, os dois saltos industriais registrados no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) e nos anos do chamado "milagre brasileiro" (1968-1973) transformaram definitivamente a economia, consagrando a supremacia do setor urbano-industrial sobre o setor agrícola.
A urbanização e a industrialização do país não apenas reduziram a importância do setor agrícola. Esse processo de modernização subordinou a agropecuária às necessidades do capital urbano-industrial, definindo novas funções para a economia rural no interior da economia nacional. Atualmente, a agricultura funciona como retaguarda do crescimento do setor industrial e financeiro.
A economia rural transformou-se, antes de tudo, em fornecedora de matérias primas para as indústriasAs culturas agrícolas que conheceram um maior desenvolvimento foram justamente aquelas voltadas para a produção de insumos industriais, enquanto as culturas tradicionais de alimentos básicos viviam um longo período de estagnação. A alta lucratividade da produção de insumos agroindustriais atraiu capitais e investimentos para culturas como as da laranja (cítricos), soja (óleos vegetais) e cana (açúcar e álcool combustível). 
A economia rural tornou-se, além de fornecedora de insumos industriais, consumidora de mercadorias do setor industrial. À medida que se voltava para as necessidades da economia urbana, a agricultura modernizava a sua base técnica, incorporando tratores, arados mecânicos, colhedeiras e semeadeiras, adubos, fertilizantes e pesticidas.
 A modernização da base técnica indica um processo de capitalização da agricultura que diferencia cada vez mais os produtores rurais empresariais dos produtores rurais familiares. Assim, os primeiros ingressam em um nível de produtividade e lucros mais elevados.
 Esse mesmo processo de modernização implicou na crescente mecanização das atividades agrícolas, especialmente no Centro-Sul do país. Em conseqüência, ocorreu intensa liberação de trabalhadores, expelidos da agropecuária e forçados a procurar ocupação na indústria e nos serviços. Desse modo, a economia rural comportou-se como fonte de força de trabalho para a economia urbana.
   Há três décadas, as exportações agrícolas concentravam-se no café. Muito atrás, vinham produtos como o açúcar, o algodão e o cacau. Atualmente, as exportações cresceram vertiginosamente e se diversificaram. Produtos como a soja, a laranja, o fumo e as carnes de aves juntaram-se ao café como itens exportados de grande peso. Isso significa que o mercado externo absorveu uma parcela considerável do aumento da produção de insumos industriais. A modernização da agricultura brasileira está, portanto, orientada pelo binômio industrialização-exportação. 
       O poder aquisitivo limitado do mercado consumidor representa um obstáculo decisivo para o desenvolvimento da pecuária de corte e de laticínios. A produção de carne per capita também conheceu importante declínio. A produção de leite aumentou na década de 70 mas estagnou na década de 80, mesmo com a continuidade do movimento de urbanização que normalmente deveria ampliar muito o mercado para os laticínios (manteiga, queijo, iogurte etc.). Enquanto o Brasil produz cerca de 90 litros de leite por habitante, a Comunidade Européia tem uma produção nove vezes maior: 810 litros por habitante! A pobreza urbana sabota o desenvolvimento rural.

  • O espaço agrário do Sul
A economia rural da Região Sul, diversificada e complexa, está na base de um conglomerado de indústrias de alimentos, óleos vegetais, fumo, carnes e têxteis.O norte do Paraná (ocupado há meio século com a chegada do café e a derrubada das matas tropicais) foi um espaço de expansão da agricultura paulista. Nas últimas décadas, o avanço da soja e do milho produziram mudanças radicais em sua organização agrária. A mecanização liberou mão-de-obra e aquela área transformou-se em pólo de expulsão de migrantes que se dirigem para as cidades ou para as fronteiras agrícolas amazônicas.

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